Como digerir bem tanto barulho?
Crimes do Futuro (2022)
Lá fora, os mercados asiáticos iniciaram bem a semana, em resposta ao otimismo derivado dos dados americanos que indicaram que os consumidores dos EUA permaneceram resilientes à inflação crescente e taxas de juros mais altas, aliviando as preocupações sobre uma possível recessão.
Ainda assim, os investidores continuam preocupados com as perspectivas econômicas da guerra da Rússia na Ucrânia, que não mostra sinais de fim, com a China realizando lockdowns em cidades para combater um novo surto de Covid e com os bancos centrais rapidamente apertando a política monetária.
Os mercados europeus também sobem nesta manhã, assim como os futuros americanos. Os próximos dias serão muito importantes, com continuidade da temporada de resultados nos EUA, reunião de política monetária na Europa e no Japão, dados econômicos da China e ruídos políticos no Brasil.
A ver...
Em recesso
O recesso parlamentar começou nesta segunda (18) e vai até dia 31. Com isso, a agenda política em Brasília fica mais aliviada, mas não menos emocionante. Por exemplo, o presidente Bolsonaro tem encontro com embaixadores estrangeiros para falar sobre o processo eleitoral brasileiro — o evento é visto como estranho e chama a atenção dos investidores por conta das promessas de provas a serem apresentadas.
Além disso, com o início do período das convenções partidárias, teremos nos próximos dias as reuniões do PDT (20) de Ciro Gomes, do PT (21) de Lula e do PL (24) de Bolsonaro. Sobre o tema dos presidenciáveis, representantes do MDB de Pernambuco se reúnem com o ex-presidente Lula (PT), em São Paulo, gerando atrito na candidatura de Simone Tebet, um dos supostos nomes da terceira via para as eleições de 2022.
Mais temporada de resultados para os investidores
Nos EUA, a temporada de resultados corporativos continua nesta semana, com cerca de 70 empresas do S&P 500 programadas para divulgar seus números do segundo trimestre. Alguns nomes aguardados são Goldman Sachs, BofA, IBM, Netflix e Twitter.
No aspecto econômicos, os próximos dias serão igualmente relevantes, com vários dados do mercado imobiliário dos EUA, na expectativa pela decisão de política monetária americana marcada para a semana que vem, em 26 e 27 de julho.
Sobre este tema, embora um forte conjunto de dados econômicos tenha impulsionado as apostas de que o Federal Reserve elevará mais a taxa de juros, os números mais recentes não foram vistos como grandes o suficiente para justificar um aumento mais acentuado dos juros na próxima semana.
Os membros da autoridade monetária estarão em um período de silêncio antes da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), mas as negociações dos contratos futuros das taxas serão observadas de perto, com as chances de uma alta de 100 pontos experimentando grande volatilidade.
O Fed deixou claro que seu principal objetivo é reduzir a inflação de seu patamar mais alto em quatro décadas, mesmo que isso atrapalhe o crescimento ou até cause uma recessão. Dessa forma, um aumento de 75 pontos-base é o mínimo esperado hoje.
Um encontro europeu
Na quinta-feira (21), o Banco Central Europeu (BCE) deve confirmar o primeiro aumento das taxas de juros em mais de uma década, mas em ritmo mais leve do que o Fed, o que tem levado o euro a quedas momentâneas abaixo da paridade com o dólar.
Além disso, os investidores esperam que a reunião do BCE desta semana esclareça como o banco central pretende intervir nos mercados de títulos nesta nova fase de política monetária, sem esperar que a autoridade adicione volatilidade desnecessária ao romper com orientações claras sobre as taxas de juros — a política italiana pode adicionar volatilidade dada a incerteza sobre o futuro do governo.
Anote aí!
Nos EUA, o índice de habitação é aguardado, bem como o índice de Confiança das Construtoras em julho. No Brasil, pesquisas de sucessão presidencial são aguardadas, assim como a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em cerimônia de posse do novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento. Adicionalmente, temos também o IGP-10 de julho e o IPC-S da 2ª quadrissemana do mês.
Muda o que na minha vida?
A especulação de que a Arábia Saudita aumentará a produção de petróleo após a visita do presidente americano Joe Biden também proporcionou algum alívio, já que os preços do petróleo, um dos principais impulsionadores da inflação nos últimos meses, caíram.
Na semana passada, o presidente Biden se encontrou cara a cara com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman. Apesar de receber críticas por visitar a Arábia Saudita, Biden defendeu seu encontro, dizendo que é do melhor interesse da política externa dos EUA restabelecer as relações tensas com os sauditas, inimigos do Irã.
A expectativa agora é a de que os sauditas deem apoio aos EUA na iniciativa de ofertar mais petróleo, tirando a pressão de preços de mercado. Se a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos realizarem tal movimento, o preço do petróleo poderá vir consistentemente abaixo de US$ 100 por barril.
Newsletter publicada no dia 18/07/2022