Europeus dão as boas-vindas a mais sanções sobre a Rússia
Love Death + Robots – Temporada 1, episódio 14 (2019)
Lá fora, na volta do feriado nos EUA, os investidores estão lutando para tentar manter o rali verificado nos últimos dias, mas a manhã desta terça-feira (31) não tem sido fácil. Soam bem os sinais de flexibilização das restrições contra a Covid-19 em Pequim e Xangai, bem como o anúncio de mais medidas de estímulo na China, fatores que aumentaram o otimismo sobre o crescimento na segunda maior economia.
Contudo, nem mesmo os fortes dados de atividade chinesa divulgados na noite de ontem (30) servem para sustentar uma alta nas Bolsas europeias, que corrigem nesta terça-feira junto com os futuros americanos. Repercute a notícia de que a União Europeia vai colocar mais sanções sobre a Rússia, desta vez sobre o petróleo do país, que respondeu cortando o fornecimento de gás para a holandesa GasTerra.
O Brasil pode encontrar dificuldades para navegar em um ambiente internacional tão volátil, até mesmo porque temos nossos próprios problemas para lidar. A começar com as questões envolvendo a Petrobras, com sua troca de comando, e a Eletrobras, na reta final de sua privatização (sempre há um nervosismo adicional). Problemas políticos e fiscais servem de pimenta adicional ao contexto.
A ver...
Volta do feriado tem tom pessimista
Na última sexta-feira (27), as ações subiram em Nova York, fechando a semana em alta e quebrando a sequência de sete semanas de perdas consecutivas registradas até então, a mais longa desde 2001.
Ontem, com Wall Street fechada para o feriado do Memorial Day, havia poucos catalisadores para ajudar a estender os ganhos desfrutados nos últimos dias, principalmente diante da redução de liquidez nos mercados globais. O movimento permitiu que a inflação e os juros ocupassem o centro das atenções novamente.
Por lá, as chances de um período prolongado de altas de juros aumentaram depois que o presidente regional do Federal Reserve, Christopher Waller, disse que era a favor de aumentos de meio ponto "por várias reuniões" até que a inflação desacelere em direção à meta de 2% do banco central.
Sobre o tema, Joe Biden deve conversar hoje com o presidente do Fed, Jerome Powell, para discutir a situação da inflação. Os dados de empregos dos EUA na sexta-feira fornecerão uma visão atualizada sobre o estado da economia americana à luz dos preços e taxas crescentes.
Nova proibição europeia
A União Europeia concordou em proibir as importações marítimas de petróleo da Rússia, com as importações de oleodutos permitidas temporariamente. Com isso, a Europa cortou 90% de suas importações de petróleo da Rússia até o final do ano, algo que fez com que o petróleo voltasse acima de US$ 120 o barril, colocando pressão inflacionária adicional na Zona do Euro.
Trata-se da sanção mais dura do bloco a Moscou desde a invasão da Ucrânia há três meses. Vale destacar que se a Rússia não enviar petróleo para a Europa, poderá enviá-lo para outros lugares, mesmo que seja de maneira descontada. Já sobre a inflação europeia, vale acompanhar a inflação dos preços ao consumidor da Zona do Euro — os números ainda não atingiram o pico (o que se deve tanto aos preços em 2021 quanto aos preços em 2022).
Anote aí!
Na Europa, destaque para os dados de crédito ao consumidor de abril do Reino Unido, a inflação ao consumidor europeu e a reunião do Conselho Europeu. Nos EUA, Biden se encontra com Powell para discutir a inflação, enquanto os investidores também aguardam os dados de preços de imóveis para março e os números de confiança do consumidor. Por aqui, além dos dados mencionados anteriormente, temos ainda reunião dos servidores do Banco Central para debater a continuidade da greve, na esteira da fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Muda o que na minha vida?
Ao redor do mundo, as altas das taxas de juros devem aumentar os lucros dos empréstimos para as principais empresas financeiras. Nos EUA, por exemplo, os grandes bancos, como JPMorgan Chase, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley, terão a chance de provar aos investidores que podem prosperar se as taxas continuarem subindo.
Naturalmente, os investidores esperam que os bancos se beneficiem do aumento das taxas de juros. Contudo, o cálculo é complicado. Se o Fed levar a sério o aperto agressivo da política monetária, o tiro pode sair pela culatra para os grandes bancos, uma vez que a demanda por crédito também cairia, prejudicando os lucros dos bancos — não se espera mais que o Fed aumente as taxas gradualmente, uma vez que a autoridade monetária está atrás da curva.
Ou seja, qualquer aumento nas margens de lucro dos empréstimos pode ser compensado por uma queda na atividade de empréstimos — as pessoas seriam menos propensas a comprar novas casas em um mercado imobiliário que já se tornou proibitivamente caro para muitos americanos, por exemplo. Com isso, há espaço para otimismo para os bancos, mas moderadamente.
Newsletter publicada no dia 31/05/2022