Nossa visão sobre o mercado e os top e bottom picks
Aproveitando a nossa chegada e complementando o primeiro e-mail (enviado na última semana), falamos brevemente sobre a forma de trabalho da área de Research da Vitreo. Em seguida, compartilhamos a nossa visão atual sobre o mercado local — o rali tem pernas? — e a nossa carteira de top e bottom picks.
O que esperar do Research da Vitreo
Seguiremos trabalhando de forma objetiva, baseada em informações de qualidade e com as teses sendo revisitadas rotineiramente.
Sairemos do óbvio, do senso comum.
Para tanto, nos alavancamos sobre uma extensa rede de relacionamentos, com empresas de capital fechado, aberto, rede de fornecedores, clientes, entre outros.
Nosso objetivo é prover aos nossos clientes o mesmo nível de informação que os melhores e maiores gestores institucionais na Faria Lima e Leblon possuem.
Bebemos de uma mescla de ferramentas e filosofias, em uma busca constante por oferecer uma excelente proposta de valor.
Estamos em modo “24x7”, ligados em todos os insights (ou, no jargão de mercado, “street talk"), utilizamos um mix de ferramentas de análises (fluxo de caixa descontado, múltiplos, entre outros) e somos adeptos de diferentes filosofias (value investing, momentum, quality, short selling, dividend investing, event driven, e por aí vai).
Ao mesmo tempo, teremos uma relação umbilical com nossos clientes a partir dos canais diários de comunicação, redes sociais (por exemplo, Telegram), eventos presenciais, relatórios recorrentes (como o de top e bottom picks) e pontuais, entre outros.
Ofereceremos uma prateleira de produtos, com as melhores opções de execução e exposição às ideias fornecidas pela área de Research.
Certamente a jornada será intensa, desafiadora e gratificante.
Dito isso, começamos compartilhando nossa visão atual sobre o mercado local e, diante de tal cenário (além de fatores intrínsecos, obviamente), trazemos os nomes que compõem nossas primeiras listas de top e bottom picks.
Um pouco sobre nossa visão atual: o rali tem pernas?
A esta altura do campeonato, a dinâmica compradora advinda dos investidores estrangeiros (os principais protagonistas do mercado local em termos de participação no volume negociado, com mais de 50% do total) não é mais novidade.
Para dar uma cor, no acumulado de 2022, vimos uma expressiva entrada líquida compradora no mercado secundário (mesmo com a metodologia e os números revisados pela B3), o que impulsionou as cotações dos ativos (do real e das ações, principalmente), colocando o Brasil entre as melhores performances até aqui, especialmente sob uma ótica relativa.
Ao mesmo tempo, a posição comprada no mercado de Índice Futuro de Ibovespa (IND) se encontra próximo a níveis recorde.
Do outro lado, as vendas maciças “forçadas” dos investidores locais — fundos que sofreram uma forte onda de resgates e pessoas físicas que migram para a renda fixa — vão sendo amplamente absorvidas pelos gringos.
Indo adiante, a grande pergunta é: tem mais fluxo para vir? Acreditamos que sim.
Em primeiro lugar, mesmo após a boa performance, os valuations seguem comprimidos (fruto de anos de performance inferior). Atualmente, o múltiplo preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa (IBOV) está na casa de 7,5 vezes e 11,5 vezes, excluindo PETR e VALE, que juntas representam cerca de 27% do índice, abaixo das médias históricas de 11,7 vezes e 13,4 vezes, respectivamente.
Em segundo lugar, a tendência é que nossa região seja menos impactada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Na margem, podemos ser até beneficiados pelas altas nos preços das commodities (lembrando que somos o celeiro do mundo, exportador líquido), favorecendo a moeda.
Em terceiro lugar, dessa vez saímos na frente do mundo quando o assunto é aperto monetário (juros). Após o longo ciclo de juro zero (e negativo em termos reais) no mundo, o Banco Central do Brasil saiu na frente, elevando as taxas de juros para os patamares atuais de 11,75%, aumentando significativamente a atratividade do chamado “carry trade", favorecendo nossa moeda (o maior driver para o fluxo externo).
Fontes: Bloomberg e Vitreo
Em quarto lugar, as alocações em Brasil (pelos estrangeiros) ainda possuem um amplo espaço nos portfólios globais (fundos dedicados a mercados emergentes, EM na sigla em inglês). Atualmente, no caso do índice MSCI EM, a participação local vem rodando em torno de 5% do total frente à média dos últimos treze anos de cerca de 10%.
Fontes: BlackRock; Bloomberg e Vitreo
Por fim, não descartamos uma melhora, mesmo que na margem, nas estimativas de lucro. À parte a alta das commodities (que melhora o ambiente local), a valorização do real é um vento favorável na parcela das dívidas corporativas atrelada ao dólar.
Dito isso, a normalização da onda de resgates nos fundos locais (o segundo maior player do mercado após os estrangeiros) e a manutenção do rali das ações brasileiras vêm causando um grande desconforto aos gestores locais, que não “surfaram” a alta em andamento.
De acordo com nossa rede de contatos da indústria, o viés do local é migrar das alocações em empresas cíclicas (commodities, que andaram muito bem nos últimos anos) em favor das teses domésticas (ainda esquecidas pelo consenso).
Enquanto isso, ouvimos que a demanda por roda de conversas com empresas listadas e por mais detalhes setoriais (por exemplo, aprofundamento nas teses micro) dos gringos segue em ascensão, como nunca visto, nos deixando animados.
Aparentemente, o rali tem pernas.
Assim sendo, seguimos favorecendo as teses relacionadas à dinâmica doméstica: boas companhias com valuations excessivamente comprimidos (e boa margem de segurança), posicionamento pouco consensual (contrário) e fundamentos sólidos (empresas defensivas, resilientes, de alta qualidade e com ações líquidas) ainda precificadas como armadilhas de valor (value traps).
Para finalizar, diante de tal contexto de mercado e intrínseco, temos as nossas primeiras listas de top e bottom picks.
Um abraço e bons investimentos